Senado Federal aprova projetos que reduzem para 30 anos a idade mínima para realização de mamografia
09/07/2025
(Foto: Reprodução) Propostas valem para atendimentos no SUS e por planos de saúde e seguem para apreciaçaõ da Câmara dos Deputados. Aparelho brasileiro permite rastrear câncer de mama de forma menos dolorosa
O Senado Federal aprovou dois projetos de lei que diminuem para 30 anos a idade mínima para que a mamografia feminina seja obrigatória nesta quarta-feira (9).
Os textos com origem no Senado, foram votados de forma terminativa pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e, por isso, seguem para deliberação na Câmara dos Deputados.
Atualmente, a lei que define ações de prevenção, detecção, tratamento e monitoramento de cânceres prevê que toda mulher deve ter acesso a mamografia no SUS. Entretanto, uma recomendação do Ministério da Saúde orienta a realização do exame a cada dois anos em mulheres com idade mínima de 50 anos.
De acordo com uma das propostas, de autoria do senador Laércio Oliveira (PP-SE), propõe alterar a Lei que define a forma de operação de planos e seguros de saúde privados, para que todos planos de saúde forneçam o exame para mulheres a partir de 30 anos, sem limitação de quantidade e periodicidade.
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Além disso, a proposição ainda prevê que mulheres a partir de 30 anos também sejam atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde que cumpram um dos seguintes critérios:
consideradas de alto risco;
portadoras de mutação genética;
com forte história familiar de câncer de mama ou ovário;
com risco maior ou igual a vinte por cento ao longo da vida.
Já o outro projeto define que, para os casos gerais atendidos pelo SUS, todas as mulheres a partir de 40 anos terão direito a realizar exame de mamografia anual.
Baixa cobertura
Segundo levantamento do Instituto Natura em parceria com o Observatório de Oncologia do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, apenas 23,7% da população-alvo realiza mamografias no Brasil.
O índice está muito abaixo dos 70% preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o Ministério da Saúde, em 2024, foram realizadas 4.307.786 mamografias pelo SUS.
Mamografia anual ou a cada dois anos?
O INCA contabilizou 19.130 mortes por câncer de mama em mulheres brasileiras em 2022. Globalmente, a doença é a mais comum entre mulheres, com 2,3 milhões de casos estimados em 2022, sendo a principal causa de morte oncológica feminina, com 666.103 óbitos previstos para o ano.
Embora raro, o câncer de mama também pode acometer homens — representando menos de 1% dos diagnósticos.
Diversas instituições, como a FEBRASGO, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), recomendam que mulheres de 40 a 49 anos façam mamografias anualmente, mesmo sem sintomas.
Já o Ministério da Saúde orienta a realização do exame a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos, ou em qualquer idade em casos com histórico familiar. Mulheres e homens com sinais ou sintomas têm direito ao exame pelo SUS a partir da puberdade.
🔎 Além dos exames de imagem, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda que a mulher observe e apalpe suas mamas sempre que se sentir confortável, valorizando eventuais descobertas casuais. Especialistas destacam que, embora o autoexame não substitua a mamografia, ele pode ser importante para detectar alterações.
Sinais de alerta
Segundo o INCA, os principais sintomas do câncer de mama são:
Nódulo endurecido, fixo e geralmente indolor
Pele da mama avermelhada ou com aspecto de casca de laranja
Alterações no mamilo, como retração ou saída de secreção espontânea
Pequenos nódulos no pescoço ou nas axilas
Roseane Macedo, presidente da Comissão de Mastologia da FEBRASGO, lembra que nos Estados Unidos, a recomendação atual é de mamografia anual a partir dos 40 anos. A federação alerta que cerca de 25% dos casos no Brasil ocorrem entre mulheres de 40 e 50 anos.